O Recomeço, 1°

09/11/2011 22:29

- O povo de Ihleburg é muito tradicional, então cabelo vermelho nem pensar
- Que tal um…
- Xi! Não fale, apenas faça. As palavras estragam os nossos atos, sabia?
- Ok queridinha.
Horas depois saí do salão com uma franja longa e lisa no cumprimento dos olhos, e o resto do cabelo desfiado, num tom castanho claro com luzes de um loiro escuro acinzentado.
“Não sei se gostei, mas sei que vou me acostumar, este cabelo combinou com meus olhos”

Comecei a viagem, não podia levar nada comigo a não ser os documentos novos que indicavam-me como Alessia, e sei lá porque, mas significa defensora da humanidade.
Partir daquele país me partia também o coração, era provável que nunca mais fosse ver Cris novamente.

Então a mais nova defensora da humanidade estava chegando em Ihleburg, não era exatamente o que eu esperava, haviam castelos lindos, mas são antigos de mais para mim, por sorte fui morar nas fazendas agrícolas, na casa de um tio que minha mãe arrumou para mim, Joshua.
Cheguei carregando as malas que minha mãe havia me dado, eu nem sabia o que havia lá dentro. O tio já veio me ajudando a carregar aqueles pesos.
- Obrigada - sorri dócilmente
- Ah, seja bem vinda sobrinha! - ele deu três tapinhas em minhas costas
“Que fingido, mas não tanto quanto eu”

Aquela semana toda foi parada, como a vida que eles levavam, só não tão parada pelo fato de terem duas crianças na casa, filhos de Joshua, e a avó das crianças, Veneranda. Não sei porque ninguém quis me falar da mãe deles, confesso que fiquei curiosa, mas não perguntei às crianças se não poderiam chorar.

Comecei a frequentar a mercearia da esquina, e entenda por esquina duas fazendas adiante. Minha locomoção passou a ser uma moto velha entre aquelas ruas de paralelepipedo. A cidade era tão parada que dava até para prestar atenção em detalhes que não se vê na cidade grande.

Diziam que Veneranda era mística, eu não acreditei mesmo, acho que ela era mais uma velha louca que não foi com a minha cara. Ela não gostou de mim, eu sinto isso, sinto sua falsidade através daqueles gestos bondosos. Ou talvez eu esteja delirando e ela seja simplesmente uma boa velinha.
- Como foi seu dia Alessia? - perguntou Veneranda, enquanto se embalava na sacada
- Bom, eu acho - Sorri e sentei ao lado dela
Ficamos observando as árvores por longos 5 minutos, e aquela dúvida cada vez mais me consumia.
- Desculpa se entendi errado, mas você parece não gostar de mim, não é mesmo?
- Ah! Bobeira filinha… - colocou a mão no meu ombro, como se quisesse me convencer de uma mentira
- Ah Veneranda, que meiga você! Não sei como podem dizer que você está ficando caduca - senti meus olhos brilharem de tanta falsidade.
- Estão dizendo isso?
- Você não sabia? Não, eu não lhe disse nada! - levantei-me rapidamente e subi para o quarto.